Atualizado em 23 de October de 2023

Palavras-chave
10ºEIM, Museus

A decolonização no centro das reflexões no terceiro Laboratório Ibermuseus

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Na quinta-feira, 20 de outubro, foi concluído o terceiro Laboratório Ibermuseus: Museus e Decolonização, com uma jornada de profunda reflexão para os membros do Conselho Intergovernamental (CI) do Ibermuseus e das mesas técnicas do Programa.

Os laboratórios foram espaços de reflexão e debate interno por meio dos quais foram abordadas diversas inquietudes e propostas que surgiram durante o 10° Encontro Ibero-Americano de Museus. Ao longo de 2023, tem-se aprofundado em temas identificados como fundamentais: a legislação e institucionalidade, a análise da perspectiva de gênero; e, museus e decolonização, tema com o qual encerramos este ciclo.

Nesse terceiro laboratório, Ibermuseus assumiu a responsabilidade de estimular a reflexão crítica e transformadora sobre a importância de incorporar uma perspectiva decolonial que apoie a abordagem do legado do colonialismo no território ibero-americano, a problematização dos processos decoloniais, as novas narrativas, a repatriação e a reparação no contexto das práticas museológicas ibero-americanas. Tudo isso evidenciando o papel fundamental desempenhado pelas instituições museológicas na construção de percepções e representações culturais.

Por isso, a agenda dos dias 19 e 20 de outubro – com a generosa participação de especialistas do Brasil, Colômbia, Cuba e Equador e mais de 40 profissionais ibero-americanas/os – incluiu conteúdos conceituais para orientar a análise. Incluiu também reflexões sobre o desafio da decolonização nas narrativas, nas políticas públicas culturais e na ação pública, bem como a identificação de mecanismos, estéticas, estratégias e metodologias desenvolvidas a partir dessa abordagem, com base em experiências notáveis na região, que podem apoiar os museus.

O laboratório destacou os mecanismos que operam na dependência hegemônica, na marginalização política, nas hierarquias de gênero, nos privilégios raciais etc., que têm sido impostos a diferentes níveis e por meio dos quais várias comunidades têm sido sistematicamente discriminadas e invisibilizadas. Além disso, ressaltou-se o papel que os museus têm desempenhado nesse processo, por meio de suas práticas.

Durante os dois dias, foi enfatizado que as práticas de trabalho decoloniais necessariamente exigem uma releitura crítica das coleções das quais as comunidades participam. Reflexões sobre o Estado e sua institucionalidade foram fundamentais para repensar a instituição museu em uma perspectiva decolonial nas políticas públicas. Entre as possíveis entradas sugeridas estavam a necessidade de autocrítica, a necessidade de rever as estruturas institucionais internas, de identificar como certas práticas foram naturalizadas e de abrir espaço para exercícios colaborativos que permitam incluir outras vozes, aprender com elas e trabalhar com elas em novas leituras das coleções, por exemplo.

As notas metodológicas foram outro ponto de inflexão significativo. A partir de diversas experiências, o grupo de participantes enfatizou a necessidade de abordagens abrangentes que incluam diversas contribuições para as dimensões implícitas na abordagem decolonial. Nesse sentido, foram apresentadas de forma abrangente várias ferramentas e práticas que mostram as possibilidades oferecidas pela Museologia Crítica ou Social para evidenciar as relações de poder, mostrar as tensões que coexistem nas narrativas, nas coleções; reelaborar os discursos do passado, construir espaços de negociação e envolver ativamente aqueles que têm acesso a eles.

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