A II Jornada de Museus e Sustentabilidade termina com um forte chamado para cuidar, proteger e resistir

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A “II Jornada de Museus e Sustentabilidade: educação e cuidado para o bem-estar coletivo” foi encerrada em Porto-Portugal. Foram três dias em que 170 trabalhadores de museus de 14 países da América Latina, por meio de 25 experiências museológicas, abordaram a educação e o cuidado a partir de uma escuta atenta e uma predisposição sensível para assumir novas formas de pensar e agir de maneira mais comprometida, solidária e enraizada no bem comum.

Para isso, Sara Barriga Brighenti (Portugal) e Juan Ricardo Barragán (Colômbia), durante a conferência de abertura, propuseram pensar no museu como um espaço para cuidar e tecer o invisível; ou seja, todos aqueles fatores que estão inter-relacionados, que garantem que a experiência no museu seja sensível, significativa e que buscam transformar algo nos visitantes. Isso poderia se chamar ecologia museológica, que cuida das experiências, das memórias e das transformações que ocorrem no museu, foi dito.

Três dias, cinco espaços

A agenda proposta em cada dia convidou a explorar a educação e o cuidado como pilares da sustentabilidade por meio de metodologias inclusivas e participativas manifestadas em laboratórios de ideias onde, por exemplo, foi abordada a estreita relação entre museu, território e práticas de cuidado. Além disso, para mostrar como os museus podem se tornar espaços verdadeiramente acessíveis e cheios de significados diversos que contribuem para o cuidado e a coesão social.

Nos hackathons, emulando uma maratona de criação e desenvolvimento de soluções inovadoras, os participantes se reuniram para trabalhar em equipes e propuseram soluções concretas voltadas, por exemplo, para a educação patrimonial infantil, a fim de posicionar os museus como espaços de escuta e criação compartilhada com as crianças. Além disso, para imaginar soluções em que os museus favoreçam a inclusão produtiva e o desenvolvimento de economias mais sustentáveis. E propostas nas quais a gestão cultural dos museus se torne uma poderosa ferramenta de transformação social.

Ao mesmo tempo, e na mesma linha de desenvolvimento de ideias e habilidades, os 6 workshops realizados convidaram os participantes a explorar e se reconhecer individual e coletivamente a partir de uma perspectiva de afetividade. Foram abordados temas como mediação cultural, a arte como uma jornada de emoção, reflexão e meditação; o cuidado e a educação como experiências profundamente interligadas que constroem redes, bem como o poder das coleções para construir e desenvolver competências democráticas.

A mesa redonda intergeracional nos convidou a pensar sobre o enorme poder do vínculo afetivo e o tempo que investimos nele como um tempo perfeito que constrói afeto e se torna memória.

Esse acúmulo de reflexões, sensações e desafios compartilhados pelos participantes ibero-americanos foi canalizado para a cidade do Porto por meio de visitas exploratórias em que guias experimentados, por meio de 6 roteiros, mostraram o desenvolvimento de projetos de museus que mostram diferentes possibilidades

de estabelecer relações e novas abordagens para a cidade, suas coleções de esculturas, paisagens ambientais, parques e patrimônios.

Sustentável além do verde

Sustentável além do verde’, foi o tema da poderosa conferência de encerramento desta II Jornada. Irene de la Jara (Chile) e Cecilia Bertolini (Portugal) percorreram os três dias entrelaçando experiências, destacando a dimensão ecológica que habita as ações, os sentimentos e os pensamentos dos funcionários dos museus; e mostrando como essas experiências e aprendizagens podem e devem promover a conscientização sobre o poder ético e afetivo que os museus têm – em termos de cuidado com o meio ambiente, cuidado pessoal, cuidado intergeracional e cuidado institucional – para sustentar vínculos, proteger memórias, acompanhar processos e provocar mudanças.

No final do terceiro e último dia da jornada, esse apaixonante entrelaçamento de experiências foi reconhecido e destacado como uma oportunidade valiosa durante a apresentação de encerramento. Mônica Barcelos, coordenadora da UT Ibermuseos, Fátima Roque, coordenadora da RPM e presidente do Programa Ibermuseus, Juan Ricardo Barragán, coordenador do Departamento de Ação Educativa do Museu Nacional da Colômbia e Sara Barriga Brighenti, subcomissária do Plano Nacional das Artes, juntamente com as palestrantes, convidaram todos a canalizar esse entrelaçamento de afetos, conhecimentos e vínculos para tecer museus mais humanos e mais comprometidos com a vida e com nossos territórios.

Convidamos você a assistir as transmissões parciais que fizemos durante esses três dias em nosso canal no YouTube.

A II Jornada foi uma iniciativa do Programa Ibermuseus, Museus e Monumentos de Portugal E.P.E. e do Plano Nacional das Artes, com o apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID).

Nos vemos na próxima Jornada!

 

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