Atualizado em 23 de May de 2019

Autor

Gustavo Marcondes

Ação

Educação

Os museus são chave para a educação cidadã

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Um grupo de estudantes de uma comunidade de 5 mil habitantes do interior do Brasil elabora um roteiro para o resgate do patrimônio ambiental, enquanto em Marinilla, na Colômbia, trabalha-se na reivindicação de processos históricos das lutas de independência lideradas por mulheres. Ao mesmo tempo, um grupo de crianças participa da pesquisa e da conservação do patrimônio em seu entorno em uma escola rural localizada na Espanha, e em Bogotá os adolescentes que viviam em uma das ruas mais violentas da cidade recriam o ambiente e explicam aos visitantes do Museu Nacional como era a vida neste lugar

O que essas histórias têm em comum? Todas elas influenciam, a partir dos museus, a educação cidadã para a transformação social. Elas compartilham de uma base comum, o trabalho coletivo e focado em práticas comunitárias, para que todos os tipos de pessoas possam se apropriar de sua memória e sua história através do patrimônio cultural material, simbólico e ambiental do seu entorno.

Também têm em comum ter sido reconhecidas internacionalmente entre as 69 experiências premiadas no Prêmio Ibermuseus de Educação, a principal iniciativa ibero-americana para o reconhecimento e promoção de ações educacionais inovadoras realizadas por museus, complementares à educação formal.

Há 10 anos, o Programa Ibermuseus promove este Prêmio que reconhece e estimula o papel dos museus como agentes de transformação social, contribuindo para o desenvolvimento sociocultural e econômico das comunidades onde estão inseridos. O Prêmio Ibermuseus de Educação consiste em um incentivo econômico que possibilita o fortalecimento de iniciativas voltadas ao direito à memória, à equidade de gênero, aos direitos dos povos indígenas e ao atendimento de pessoas com deficiência.

Lançado anualmente no Dia Internacional dos Museus, comemorado em 18 de maio, o Prêmio incentiva a continuidade de atividades dessa natureza nos 22 países da Ibero-América. «É um reconhecimento muito importante ao trabalho de gerar ações de inclusão social que permitam a participação ativa de populações historicamente excluídas nos espaços dos museus», explica Andrés Góngora, curador-chefe do Departamento de Etnografia do Museu Nacional da Colômbia, premiado na edição 2018 com o projeto Renovando el Olvido (foto).

Nesse contexto, não se trata de reproduzir a prática já consolidada de visitas escolares aos museus, realizada há décadas em todo o mundo. A educação nos museus extrapola essa ideia e trabalha a dignificação e o resgate das memórias históricas e sociais. Na Ibero-América, os museus são espaços ligados aos modelos educacionais de cada país, apoiam a produção de conhecimento e favorecem a apropriação social do patrimônio e do pensamento crítico.

Um dos primeiros projetos premiados em 2010, o Museu da Palavra e Imagem de San Salvador (El Salvador/Foto) permitiu uma aliança entre comunidades indígenas e camponesas, cujas vozes principais foram silenciadas durante sessenta anos de regimes autoritários, para o resgate de sua memória oral.

O Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil, também teve reconhecimento especial em 2011 pelo programa Igual Diferente, que desde 2002 promove cursos e atividades educativas para garantir que o museu seja um espaço sem barreiras, sejam físicas, sensoriais ou intelectuais.

Na Guatemala, uma exposição interativa premiada em 2016 foi constituída como um espaço para aprender sobre o presente e o passado das relações étnicas e sociais do país, através de tópicos como racismo e discriminação, história, atualidade do conflito social e os desafios cidadãos para a construção de uma sociedade democrática e pacífica em um contexto multiétnico que se insere em um longo conflito armado.

Para a diretora do Instituto Internacional de Aprendizagem para a Reconciliação Social da Guatemala, Vivian Salazar, a experiência de participar do Prêmio e o fato de o projeto ter sido reconhecido permitiram que eles demonstrassem que o trabalho que estão fazendo é valorizado além de suas fronteiras e, portanto, deve ser conservado para que mais crianças se beneficiem dele.

Além do reconhecimento desses e de muitos outros projetos, o Programa Ibermuseus criou um Banco de Boas Práticas que permite ao público ter acesso a mais de 200 práticas educacionais de museus ibero-americanos em países como Panamá, México, Argentina, Bolívia, Venezuela, Portugal, entre outros, que servem de inspiração para museus ao redor do mundo

As inscrições para a 10ª edição do Prêmio Ibermuseus de Educação estarão abertas de 18 de maio a 18 de junho de 2019, através de la plataforma convocatorias.ibermuseus.org. Consulte o regulamento completo e o Guia do Edital.

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