Atualizado em 05 de June de 2025
Institucional
No dia 4 de junho realizamos um novo Laboratório Ibermuseus, desta vez para tratar da Apropriação social do patrimônio museológico. Junto a mais de 60 profissionais dos órgãos responsáveis pelas políticas públicas de museus e museus ibero-americanos, representantes do Conselho Intergovernamental (CI) do Programa, equipes técnicas e especialistas do Peru, Colômbia e El Salvador, abordamos a relevância e os desafios de envolver as comunidades nas ações de gestão de riscos patrimoniais.
A conversa foi baseada em três âmbitos: desde o museu, desde o Estado e desde a ação comunitária coletiva:
Da Colômbia, Diana Alexandra Mancera Gamboa, apresentou uma perspectiva sobre a jornada “Da política pública à ação comunitária”, que refletiu como uma política pode ser transformada em participação real quando as estruturas institucionais são articuladas com o trabalho territorial por meio de processos de cocriação, reconhecendo a diversidade, os saberes locais e as formas de organização comunitária.
Por sua vez, Jerka Guerrero Varas e Luis Martín Sosa Valle, do Peru, apresentaram experiências estaduais de gestão de riscos em diversos territórios e sua alta exposição a riscos naturais e antrópicos. A partir daí, eles abordaram os desafios que a gestão de riscos do patrimônio cultural enfrenta, especialmente em comunidades com baixa apropriação social do patrimônio e necessidades básicas insatisfeitas. A alternativa: o desenvolvimento de um Mapa de Risco Comunitário que inclua o patrimônio cultural nas análises territoriais e nos planos de ação.
Concluindo, Fabricio Valdivieso, de El Salvador, abordou plenamente a força da ação coletiva para prevenir riscos arqueológicos por meio da aliança entre museus, a academia e comunidades e da aplicação do modelo TIC: Triângulo de Inclusão e Cooperação, no qual os museus desempenham um papel central. Com base na experiência da Quebrada Pacún, um sítio arqueológico que abriga pelo menos três estruturas pré-hispânicas, foi ilustrado como a pressão social da localidade resultou na declaração de sítio de interesse cultural e na subsequente ativação de processos sustentáveis de proteção do patrimônio e de gestão comunitária.
As três experiências compartilhadas foram o detonador de um diálogo rico e dinâmico entre os presentes, moderado por Carlos Diazgranados, do Programa Fortalecimento dos Museus da Colômbia. Durante o intercâmbio, foram evidenciadas várias confluências e posicionamentos comuns, entre eles:
● O gerenciamento de riscos deve ser abordado considerando a diversidade das práticas de museus existentes nos territórios.
● As comunidades devem estar no centro das instituições museológicas, não apenas como apoio na mitigação de riscos ou na defesa do patrimônio, mas como protagonistas em todas as dimensões do trabalho do museu.
● A sensibilização da sociedade sobre a responsabilidade pelo cuidado com o patrimônio é construída ao longo do tempo, requer esforços intersetoriais e exige continuidade.
● As equipes dos museus devem estar abertas às realidades de suas comunidades, o que implica um pensamento descolonizado e empático, permitindo que o museu se torne uma ferramenta de justiça e coesão social.
● A gestão de riscos deve ser concebida como uma ação permanente, e ainda há uma falta de consciência de sua importância entre as equipes e as direções dos museus.
Com base nessas importantes evidências, o Ibermuseus continuará aprofundando as discussões e integrando as diferentes vozes da região, a fim de identificar formas de influenciar e contribuir para a construção de recursos, ferramentas e a promoção de ações voltadas para a apropriação social do patrimônio museológico ibero-americano para sua proteção e preservação.
O Laboratório Ibermuseus é um projeto que surgiu a partir das preocupações e propostas levantadas durante o 10º Encontro Ibero-Americano de Museus, realizado na Cidade do México em 2022. Seu objetivo é abordar questões prioritárias de interesse do setor, promovendo o diálogo e a reflexão regional sobre conceitos-chave que devem ser incorporados às agendas públicas dos países ibero-americanos.
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