Atualizado em 20 de August de 2019

Autor

Gustavo Marcondes

País

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Falece Santiago Palomero, um dos idealizadores do Programa Ibermuseus

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Santiago Palomero, durante o I Encontro Ibero-americano de Museus, em Salvador da Bahia (2007)

Nesta segunda-feira, 19 de agosto, perdemos Santiago Palomero, diretor do Museo Sefardí de Toledo e uma referência muito importante para a museologia ibero-americana. Representando a Espanha, Palomero foi um dos arquitetos da Declaração da Cidade de Salvador, em 2007, documento que fundou o Ibermuseos e abriu um caminho de cooperação e diálogo sem precedentes no campo dos museus na comunidade ibero-americana.

Como membro do Ibermuseus, Santiago Palomero foi também um dos idealizadores do Observatório Ibero-americano de Museus, um espaço que hoje está consolidado dentro da Ibermuseos, desenvolvendo pesquisas, produzindo ferramentas e construindo conhecimento sobre o setor museológico latino-americano.

Na Espanha, o ministro da Cultura e Esporte, José Guirao, destacou a sua altura humana e profissional. “A Espanha e sua cultura”, disse o ministro, “perde uma verdadeira referência para o Museu Sefardí, um de seus melhores museólogos e um dos mais admirados e amados no campo do patrimônio cultural”.

Santiago Palomero, graduado em História e PhD em Pré-História e Arqueologia pela Universidade Autônoma de Madri, desenvolveu sua carreira profissional, seu talento e sua paixão nos Museus Estatais da Espanha. Membro do Corpo Facultativo de Conservadores de Museus, em 1985 ingressou no Museu Sefardí de Toledo, onde se especializou no conhecimento e divulgação da cultura judaica como parte da identidade histórica da Espanha e da cidade de Toledo. “Ele se comprometeu com a ideia de um museu comunitário aberto e inclusivo, cuja função principal é a justiça social”, acrescentou Guirao.

Humanista e poeta militante, Palomero acompanhou seu trabalho profissional com uma frutífera reflexão intelectual. Suas diversas publicações, suas colaborações na mídia, cursos e programas de estudo, bem como sua contribuição para o debate acadêmico, colocam-no como um dos principais autores para entender a museologia na Espanha e na Ibero-América.

Na Memória de 10 anos do Ibermuseus, publicada em 2017, Palomero afirmou que «a Declaração de Salvador foi uma renovação dos sonhos de uma museologia ibero-americana não inocente e muito social. Por isso, para o seu preâmbulo, foi escolhido um texto do Quixote para definir os museus como cavalheiros andantes, ‘que pelos desertos, pelas soledades, pelas encruzilhadas, pelas selvas e pelos montes, andam procurando perigosas aventuras, com intenção de lhes dar ditoso e bem-afortunado remate…’. Dez anos depois, podemos dizer que os museus da Ibero-América honramos a memória de Cervantes seguindo seus ensinamentos tão conhecidos quanto esdrúxulos. Dissemos e fizemos».

Com profundo pesar recebemos a notícia do seu falecimento. Esperamos continuar a honrar a memória de Palomero no Ibermuseus, procurando sempre o fortalecimento dos museus iberoamericanos e de uma museologia que trabalha pelo resgate e a apropriação da memória social, pela valorização da diversidade e pela proteção do patrimônio cultural da região.

Muito obrigado, querido amigo.

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