Atualizado em 14 de May de 2019

Palavras-chave
Cooperação, Curadoria, Museus
Autor

Gustavo Marcondes

País

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Com o apoio da rede Ibermuseus, obra histórica chega a Quito para o aniversário do MuNa

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Com motivo da celebração do primeiro aniversário da reinauguração do Museu Nacional do Equador – MuNA, chega ao país pela primeira vez em mais de quatro séculos o quadro Los Tres Mulatos de Esmeraldas, pintado por Andrés Sánchez Galque em 1599. Esta obra, que pertence ao Museu do Prado e está sob custódia do Museu de América de Madri, será exibida pela primeira vez na América do Sul graças ao apoio da rede de cooperação do Programa Ibermuseus.

Ivette Celi, diretora executiva do MuNa (foto), conta que as negociações com o Museu de América para trazer a obra ao Equador se iniciaram em 2017 através das reuniões da mesa técnica de Formação e Capacitação do Ibermuseus, da qual também participa Ana Azor, então subdiretora do Museo de América. “Propus a ela que trouxéssemos a obra para a reinauguração do MuNa (em maio de 2018). Infelizmente não foi possível porque estava itinerando em outros países”, recorda Ivette, que também é a representante de Equador no Conselho Intergovernamental do Ibermuseus.

“A oportunidade que temos os países de gerar redes de cooperação através do Programa Ibermuseus é fundamental para a circulação de patrimônio museológico. Esse tipo de intercâmbio é muito difícil porque os museus devem entrar em um circuito de circulação de bens e, sobretudo, porque as apólices de seguro são muito altas para a transferência e transporte dessas obras, e empresas com muita experiência em manuseio de bens são necessárias para que outros museus do mundo possam gerar esses empréstimos”, explica a diretora do MuNa. “Sem o apoio do Ibermuseus teria sido impossível concretizar essa relação.”

O óleo, encarregado pelo ouvidor da Real Audiência de Quito, Juan del Barrio de Sepúlveda, para o Rei Felipe III, se refere a uma das poucas províncias dominadas por afrodescendentes que existiu no século XVI. A imagem mostra o reconhecimento desses descendentes de escravos como governadores de uma grande região com submissão à Coroa Espanhola.

“Este trabalho para o Equador é muito importante. Não há nenhum estudante de Ciências Sociais, não há professores de Ciências Sociais que não o mencionam ou que não evidenciam sua existência. O Museu Nacional quis trazer esta obra justamente para compreender o processo de construção do nosso território, e também o contexto histórico das rotas de comércio entre Espanha e América através dos vice-reinados de Lima e da Nova Espanha. Como as aberturas de portos comerciais, como o da Baia de San Mateo em Esmeraldas, era tão importante para a Coroa Espanhola”, explica Ivette Celi.

Andrés Sánchez Galque era um artista quitenho, indígena, que graças a seu status e a sua qualidade artística, teve este encargo do ouvir da Audiência de Quito. “A história da arte vice-reinal americana é construída por esses processos de recuperação da informação”, complementa a diretora do MuNa.  O Museu Nacional do Equador celebrará o primeiro aniversário de sua reabertura em 18 de maio, durante o Dia Internacional dos Museus.

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